Família Rickli
brasileira
foto: pinhal no Turvo (PR) • RR, 1992
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Ralf Rickli versão
inicial: 2004 |
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Índice 0. Introdução 1. Quem eram os Rickli na Suíça 3. A família de Johann Ulrich na Suíça 4. Johann Ulrich no Seminário de Chrischona 7. Johann Ulrich foi de que Igreja mesmo? 8.
Apêndice I: 9.
Apêndice II: 10.
Apêndice III: |
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Neste início de século XXI existem mais de mil brasileiros com sobrenome Rickli - ou Ricklis sem o sobrenome expresso, por descenderem por via materna - que são todos descendentes de Johann Ulrich Rickli e Rosine Weber, suíços, que chegaram ao Brasil em 21 de outubro de 1869. Também existem alguns outros Rickli no Brasil que não descendem desse casal, e que não parecem ser muito numerosos. Tivemos pistas de que há alguns, p.ex., na região de Rio do Sul, Santa Catarina. Não é impossível que tenham algum tipo de parentesco mais distante, mas até hoje não conseguimos descobrir. As informações que colocamos à disposição aqui provêm de três fontes principais: • alguns cadernos e livros de Johann Ulrich guardados em uma caixa no Turvo (Paraná) durante décadas pelos descendentes de "Ernesto Velho", um dos filhos do casal, e que passaram às mãos do meu pai Otto Rickli na década de 1970; • os livros do Cartório de Registro Civil de Rohrbach, no Cantão de Berna, que pudemos verificar pessoalmente por cortesia da cartorária Sra. Rosmarie Jäggli em julho de 1991; • informações descobertas em 2003 e 2004 pelo Prof. Wolbert Smit, do Instituto de Estudos Etiópicos da Universidade de Hamburgo, que fez pesquisas nos arquivos da Pilgermission na Suíça - e a quem nunca seremos suficientemente gratos pelas informações que compartilhou. RESPOSTA A UMA PERGUNTA FREQÜENTE Os Rickli brasileiros NÃO têm direito à nacionalidade suíça. De acordo com informações oficiais solicitadas no início dos anos 90, isso só seria possível se Johann Ulrich houvesse registrado cada um dos seus filhos num consulado suíço, e cada um desses filhos houvesse registrado seus filhos, e assim por diante. Essas informações teriam sido obrigatoriamente repassadas ao cartório da região de origem da família, em Rohrbach, no Cantão de Berna. Verificamos pessoalmente os livros em Rohrbach em 1991, e a última referência a Johann Ulrich é uma anotação a lápis 'casou na América'. Não há nenhum registro de descendentes. Foi quebrada a corrente do registro, e de acordo com a lei suíça (diferente da alemã ou da italiana) não há possibilidade de reestabelecê-la. Na ocasião conhecemos também o Sr. Werner Hermann, neto da única irmã de Johann Ulrich que permaneceu naquela região. O Sr. Hermann, recém-viúvo com mais de 80 anos, nos recebeu com extrema cordialidade - porém seus próprios filhos e netos, que vivem em Bern e Zürich, não parecem ter mostrado interesse em manter contato. SOBRE ESTA PÁGINA Esta página foi concebida como parte do encontro da Encontro Família Rickli em janeiro de 2000, em Ponta Grossa (PR), de foram comemorados os 130 anos da família - e no entanto só 4 anos depois conseguimos colocar as primeiras informações no ar. Não sabemos praticamente mais nada além do que está nesta página, e atualmente não temos nenhuma condição de pesquisar mais, pois é um trabalho que demanda muito tempo! Ainda assim, se alguém quiser contribuir com informações adicionais - ou trocar idéias sobre as informações já existentes na página -, agradecemos que entre em contato pelo nosso e-mail rrtrop@gmail.com . |
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Em outro dos boletins descobertos pelo Prof. Wolbert Smit, aparece a notícia de que J.Ulrich desembarcou no Brasil em 21 de outubro de 1869, acompanhado "da noiva e irmã do Irmão Weber". Isso significa que Jacques (ou Jacó) Weber, de quem temos arquivado um livro religioso em francês, também era missionário - e essa irmã só pode ser Rosine Weber, com quem se casou em 9 de janeiro de 1870, em Santa Catarina. Segundo o relato de outro missionário, poucos dias depois de chegar ao Brasil Johann Ulrich começa a atuar como professor em Pedreira e em outra colônia. Em agosto de 1871 ele mesmo escreve outro relato para o boletim da missão. Entre outras coisas, conta que levava três horas para chegar ao correio, fala das dificuldades de ser um professor de orientação bíblica num meio onde a moda era ser "racionalista ou livre-pensador" - e conta também que tinha que trabalhar na roça para ajudar a garantir seu sustento. Num trecho curioso, descreve como é e como se planta a mandioca, "batatas parecidas com raízes, com 1 a 3 pés de comprimento". Esperamos um dia traduzir e publicar também esse relato! J.Ulrich ainda é mencionado na lista de endereços dos relatórios internos de St.Chrischona de 1874, 1880 e 1888. No primeiro caso o endereço é Colônia Dona Francisca, Pedreira. Nos dois seguintes é 'Coritiba'. Juntando com dados da capa da Bíblia e alguns outros, temos o seguinte quadro (destacamos algumas perguntas que ficam e que seria interessante pesquisar): • Década de 1870: Com quase 33 anos, Johann Ulrich se casa com Rosine Weber, ela com 23 e meio, "na igreja de Pedreira" - a atual Pirabeiraba, próxima a Joinville, no Norte de Santa Catarina. Vive como professor e missionário, aparentemente nessa Colônia Dona Francisca - sendo que a rodovia SC-418, que liga Pirabeiraba a Campo Alegre e São Bento do Sul, também aparece nos mapas como "Rua Dona Francisca". Até 1875 nascem os filhos Johann Paul (Paulo), Samuel Robert (Roberto) e Johann Ulrich (como o pai e o avô, conhecido por João). Em 77 e 79 (ainda em Pedreira?) nascem uma menina e um menino que não sobrevivem. Note-se que entre as testemunhas estão sempre diversos Weber: Jean, Jacques, Ernestine (Tine), provavelmente cunhados ou outros parentes de Rosine. Esses Weber tinham o francês como língua mãe, e restaram até hoje alguns livros seus em francês (naturalmente religiosos). Os Weber atuais, vizinhos dos Rickli na região do Turvo (PR), serão descendentes desses? É bom lembrar que Jean e Jacques seriam conhecidos como João e Jacó. - Entre as testemunhas também aparece Barb.Rickli: seria a irmã mais nova de Johann Ulrich, Anna Barbara? E o que terá sido feito dela depois? • Década de 1880: Em 1880, com 43 anos, J.Ulrich está com certeza residindo em Curitiba. Quando exatamente chegou aí? Se foi nesse ano, meu avô João já estava com 5 anos - o que talvez explique seu desejo, na velhice, de ser enterrado "em chão de areia" - como o chão em que brincava na sua infância inicial em Santa Catarina! A família reside em Curitiba no mínimo 8 anos, talvez até 20. Em Curitiba nascem Anna, Bertha Rosine (Bertha) e Ernst Arnold (mais tarde conhecido como Ernesto Velho). Uma das testemunhas é J.Hermann: seria parente de seu cunhado marceneiro que ficou na Suíça? Ao nascer o último filho, Rosine estava com 40 anos, J.Ulrich com 49. Paulo, o mais velho, já ia fazer 16... Assim era a família do Professor Rickli em Curitiba dois anos antes da proclamação da República. Além disso, é atestado oficialmente que esse professor também colaborava pastoralmente com as atividades da Igreja Luterana de Curitiba (sobre a questão da denominação, veja logo adiante), na chamada Rua dos Alemães (Rua Trajano Reis). • 1900: Devido a um cartão enviado de Amsterdam, sabemos que ao raiar do século XX J.Ulrich vivia em Imbituva, então uma vila chamada Cupim - onde também se atestou (a pedido de minha mãe, Aymêe Correia Rickli) que colaborava com a Igreja Luterana. Em 1900 os filhos homens tinham 29, 27, 25 e 13 - e Johann Ulrich já estava para fazer 63! A
instalação dos filhos no Rio dos Patos - Manduri - Boa Vista já tinha
começado?
Em 1921 Johann Ulrich falece no Turvo (então parte de Guarapuava, hoje município independente) com 84 anos. O terceiro filho, João, já tinha tido 12 de seus 14 filhos com Bertha Hecke, e ainda morava na Boa Vista, perto dos irmãos mais velhos, só alguns passos além de Imbituva. Já o filho mais novo estava com 36, e J.Ulrich e Rosine o haviam seguido para além do Rio dos Patos (Ivaí) e da Serra da Esperança, para o 3.º Planalto do Paraná. Em que ano foi que chegaram ao Turvo? Como? Rosine faleceu dois anos depois, com 77 anos. Aí a história da família já havia passado a ser a dos filhos e netos - uma história que também deveria ser escrita, mas temos sérias dúvidas de que alguém um dia dê conta de fazê-lo! Por enquanto, concluímos com algumas constatações que nos parecem do interesse de todos. |
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7. Johann Ulrich era de que igreja? Essa pergunta tem sido feita com certa frequência. Talvez em outra família ninguém se preocupasse com isso, porém até há poucos anos nascer Rickli no Brasil era praticamente nascer parte de uma ordem religiosa - e isso talvez justamente devido à ideologia da Missão dos Peregrinos, de que todos os crentes são sacerdotes e missionários, independente da profissão. Christian Friedriech Spittler, que fundou a missão em 1833, considerava-se membro de uma 'Sociedade da Cristandade' supra-denominacional, mas teve formação luterana. A Missão dos Peregrinos, ou Comunidade de Chrischona, é uma igreja autônoma na Suíça e na França. Na Alemanha foi oficializada como 'uma obra', um movimento, dentro da Igreja Evangélica Luterana. O mais importante para compreendê-la é saber que se trata de um ramo do chamado movimento pietista. Esse movimento surgiu por volta de 1770 como reavivamento dentro da Igreja Luterana - que, 250 anos depois da Reforma, tinha se tornado pesadamente institucional. Não devemos pensar que esse avivamento se expressasse com os mesmos gestos e ritmos que os avivamentos dos séculos XX-XXI, pentecostais ou não. Talvez sua grande marca seja trazer a religião fortemente para dentro da vida cotidiana das pessoas comuns. No Sul do Brasil, um exemplo de luteranismo modulado pelo pietismo é a Igreja do Cristianismo Decidido. Porém a influência do pietismo foi muito além dos círculos luteranos. Vimos na internet p.ex. que o instituto de Chrischona mantém laços com os menonitas (ou anabatistas) norte-americanos. Foi com o impulso pietista que John Wesley atuou dentro da Igreja Anglicana, gerando o metodismo. E, de acordo com um artigo bastante especializado publicado em <http://www.cristianet.com.br/historia/arquivo/outros/o_pietismo.html>, havia forte influência pietista no seminário de onde vieram para o Brasil os primeiros missionários presbiterianos estadunidenses. Um ponto a descobrir é: em que momento a família Rickli se ligou à Igreja Presbiteriana do Brasil, trazida pelos missionários estadunidenses? Em que momento perdeu o contato com a Pilgermission de Chrischona? Em uma coisa podemos 'apostar' com bastante segurança: a família se identificou com essa Igreja Presbiteriana devido ao caráter pietista que ela trazia, e não devido a suas origens calvinistas. Não estamos fazendo um julgamento disso - se é bom ou ruim, certo ou errado... - estamos apenas relatando um fato. Na verdade, até hoje não encontramos nenhum traço da Igreja Reformada Suíça nos livros e na história de Johann Ulrich Rickli. Por outro lado, não faltam evidências de ligação com pessoas e instituições de origem luterana-pietista - p.ex. o Dr.Krapf, ou livros e hinários da editora fundada em Calw (Sul da Alemanha) pelo avô do escritor Hermann Hesse (aliás, enquanto J.Ulrich cursava suas últimas disciplinas em 1868, na vizinha Basel o pai de Hermann Hesse, Johannes, preparava-se em outro instituto pietista para sua missão na Índia. Terão se encontrado alguma vez?). Não é de estranhar, portanto, que no Brasil J.Ulrich tenha se ligado às comunidades luteranas - mas também não que mais tarde a família tenha se juntado ao presbiterianismo dos missionários estadunidenses... justo por encontrar aí mais pietismo que nas comunidades luteranas! Para finalizar, duas observações que pareceram interessantes: • Consultado em 29.12.2003, o site da Missão dos Peregrinos na Internet <www.chrischona.ch> declarava que a grande marca distintiva do movimento é a vida em comunidades que, mesmo não sendo constituídas estritamente por pessoas de uma família, têm um caráter fortemente familiar, envolvendo desde as crianças até os velhos. Para quem conheceu o estilo de vida tradicional da família, não parece preciso dizer mais nada! • Também não parece de estranhar que em certos momentos a vida da família tenha se tramado tão profundamente com a do Instituto Cristão (Castro, PR) e a do Instituto José Manoel da Conceição (Jandira, SP) - precisamente os momentos em que a vida e os estudos nessas instituições foram mais parecidos com os da Pilgermission de Chrischona! |
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Links para alguns documentos escaneados
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Família Rickli
brasileira: Duas gerações antes de Johann Ulrich: • Johann Jakob Rickli (avô de Johann Ulrich) Uma geração antes de Johann Ulrich: •
Johann Ulrich Rickli (pai) 16.01.1803 - 04.07.1873 Geração de Johann Ulrich (irmãos): 1.
Anna Barbara, * 22.12.1833, + 16.06.1836 (morreu com 2 anos e meio) 2.
Johann Ulrich, * Kleindietwil (Suíça), 19.03.1837, + Turvo (Brasil),
28.10.1921 3.
Johannes, * 26.01.1840, cas.24.08.1863, + 1903 4.
Anna Maria, * 03.10.1846, + ? 5.
Johann Jakob, * 23.03.1851, + ? 6.
Anna Barbara, * 22.03.1854; + ? Sobre
as irmãs n.º 1 e 6: era costume usar para novos filhos o mesmo nome dos que
haviam falecido em criança Uma geração depois de Johann Ulrich (sobrinhos na Suíça): Anna
Maria (4 acima) e ? Hermann tiveram seis filhos (fora de ordem): Gerações seguintes: • Samuel e esposa morreram jovens, deixando órfão o filho Werner (* 1913, + ?), criado pelos avós maternos. • Werner deixou 2 (ou 3?) filhos e vários netos, que vivem hoje nas regiões de Bern e de Zürich. Uma filha respondeu uma vez uma carta nossa, depois não voltou a responder. Devem existir na Suíça inúmeros descendentes de primos de Johann Ulrich, de que não temos conhecimento. |
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Família Rickli no Brasil:
descendentes
Johann
Ulrich e Rosine chegaram ao Brasil noivos e se casaram logo depois, em
9 de janeiro de 1870. A
família Rickli de que tratamos aqui consiste inteiramente de
descendentes de Johann Ulrich Rickli. Nosso ponto de partida: •
Johann Ulrich Rickli, * Kleindietwil (Suíça), 19.03.1837, + Turvo
(Brasil), 28.10.1921 Filhos
de Johann Ulrich e Rosine: 1.
Johann Paul (conhecido como Paulo), * 26.11.1870, + ... Filhos
(sem garantia de ordem cronológica): 2. Samuel Robert (conhecido como Roberto), * 03.01.1873, + ... Filhos: a incluir 3.
Johann Ulrich (como o nome do pai e do avô; conhecido
como João), * 31.05.1875, + ... Filhos:
(sem garantia de ordem cronológica): 4. Bertha Rosine, * 04.08.1877, falecida em criança 5. Ernst Arnold, * 14.11.1879, falecido em criança 6. Anna, * 21.03.1882. Faleceu adulta porém solteira. 7. Bertha Rosine, * 08.04.1884, + ... Filhos: a incluir 8. Ernst Arnold (conhecido mais tarde como Ernesto o velho), * 23.09.1886, + ... Filhos: a incluir Sobre os pares de filhos 4/7 e 5/8: era costume usar para novos filhos o mesmo nome dos que haviam falecido em criança. Sistema de ordenação proposto: Se um dia for possível levar adiante a organização da árvore genealógica na internet, cada um dos nomes acima (exceto os 5, 6 e 7) poderia se tornar um LINK para a relação dos descendentes dessa pessoa. Além
disso, cada descendente poderia figurar na lista com um número, que será mais fácil
de entender com um exemplo 3.13.1.1.1 - Potyra da Paz Rickli. Maceió (AL), 14.02.2001 O
número significa que ela descende de Johann Ulrich... De resto, o fato de o número ter cinco partes deixaria claro que se trata de alguém da 5.ª geração de descendentes. Finalmente:
dizemos "se um dia for possível levar adiante" porque se trata
de uma atividade demorada e trabalhosa, |
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